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{terça-feira, maio 16, 2006}

 
(Sem Título)
      E aí, já decidiu ser feliz? Não? Ah, mas tá pensando em me mandar pro inferno? Faz sentido... É mandando algumas coisas pro inferno que a gente começa a ser feliz mesmo. A primeira não precisa ser eu, né? Melhor é mandar pro inferno a auto-encheção de saco. É, a gente faz isso com a gente mesmo. Não basta a vida ser difícil, o dinheiro ser pouco, o trabalho ser longe, o trânsito ser caótico, o colega ser mal humorado, o vizinho ser antipático, o porteiro ser mal educado... Nós somos nosso pior inimigo - ok, essa frase soa como já dita por aí... Tome como citação de algum filósofo ou psicanalista, ok? Através da auto-encheção a gente fica se lembrando o tempo todo que não dá pra ser feliz, por isso e por aquilo, e por tudo o que nos ronda e nos afeta...
      Vamos voltar à tal da felicidade... A felicidade é possível. Claro que se você for esperar ganhar na loteria sozinho pra começar a fazer planos, terá problemas... Talvez uma vida não dê tempo... E até andaram me dizendo que a loteria é uma farsa, que é tudo arranjado para o dinheiro ir para um bolso marcado... (eles agem assim. "Eles" quem? Os captos... Os iones... Os magustuns... Dê o nome que quiser. Mas que eles existem existem.). Você já teve algum amigo que ganhou? Algum amigo de amigo? Algum vizinho? Algum inimigo? Algum algum? Ninguém, né? Humpf, o que dizem por aí faz sentido...
      Mas essa é outra conversa. Ser feliz é um exercício de auto-observação; dá um trabalhinho, sabe? E depois de pegar o jeito da coisa, a felicidade vai se manifestando sem que se perceba... Outro dia me vi sendo feliz sem querer, à toa, à toa... Foi como se tivesse aberto um canal sensorial novo em mim. Até olhar o sinal fechar e as pessoas atravessarem estava bonito. Tudo estava mais adequado, tudo tinha mais sabor... Hum, já sei, tá achando que eu estou apaixonada? Que nada, estar apaixonada é uma dor muito forte. Estou é feliz mesmo.
      Mas isso só começou a ser possível quando eu parei de reclamar e comecei a fazer pequenas coisas. Vi que fazer coisas costuma dar resultados e que é uma delícia você meter o seu bedelho no mundo, dar uma adaptada na vida pra ela começar a correr de um jeito bom pra você. E é aí que a gente vê que quando paramos com a auto-encheção de saco, com as lamúrias, com o labirinto interno de vozes desencontradas, tudo vai acontecendo, tudo vai andando - é como o mar que se abre como Moisés fez...Hum, tá bom, essa foi uma comparação idiota. Mas sabe quando o vento balança o capim? A gente às vezes não consegue muito mais do que isso, né? Mas se for um dia bonito de sol, ou um dia lindo e cinza com alguma chuva o resultado pode ser fantástico. O cheiro de alguma flor ou o cheiro da terra pode te surpreender. Sem falar que vento tem mais é que ventar mesmo...
       E você tem mais é que viver e se descobrir feliz de vez em quando. Porque nem sempre a gente sabe o endereço da felicidade, o caminho a tomar, a hora de embarcar... Felicidade acontece a qualquer momento, até quando o balconista da farmácia te dá um sorriso não mecânico e você vê alguém te ouvindo falar com alguma atenção. Não me queixo dos outros, eles são eles. E não me queixo de mim, mas fico de olho quando algo dá certo, porque fazer dar errado eu já estava sabendo muito bem. E a felicidade acontece quando a gente se pega fazendo a vida dar certo. Mesmo que esse certo possa não ser o de todo mundo. Mesmo que seja só uma maneira nova de respirar, uma música nova na sua vida, um cachecol verde pistache, um corte de cabelo, um banho com nova coreografia. Deixar de agir mecanicamente gera resultados especiais.
       O bom da pós-modernidade é poder ser quem você quiser, o ruim é que a gente não sabe escolher e deixa que os outros escolham por nós - nossos amigos, a publicidade, os programas de TV... Mas hoje estamos a um passo de qualquer coisa que nos interesse. E não há nada demais em mudar de vez em quando. Parar de pensar que você não é feliz; evitar velhos erros e parar de dar justificativas idiotas pra si mesmo pode ser um bom começo.
      Experimente ser feliz. No começo dá um medinho, mas depois tudo fica melhor. E não procure a dor, porque quando ela quiser ela te encontra; e aí, não seja um bobo alegre, que isso é muito diferente de ser feliz. Aí, meu amigo, quando a dor chegar, senta num canto e chora um pouco, que depois que ela passar você volta a ser feliz, te garanto.

posted by me 16.5.06

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